9 de mar. de 2009

Conhecendo o Transtorno do Défcit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Olá pessoas,
Gente, eu tô tentando resolver o problema dos comentários viu?! (de novo!!!)
Estava fazendo umas leituras rotineiras e encontrei esse texto muito bom, sobre o TDAH, e gostaria de compartilhar com vocês, eu pelo menos tenho duas amigas que tem um filhotinho em casa com o TDAH, achei legal, e portanto, estou compartilhando com vocês.

A Associação Americana de Psiquiatria, através do DSM-IV, define o Transtorno do Déficit do Atenção com Hiperatividade (TDAH) como um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais freqüente e severo do que aquele tipicamente observado em indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento e associado a algum prejuízo devido aos sintomas em pelo menos dois contextos, como: casa, escola ou trabalho.
Segundo a ABDA - Associação Brasileira de Déficit de Atenção - o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida, e se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Este transtorno tem recebido designações diferentes ao longo do tempo, e já é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A prevalência deste Transtorno tem sido pesquisada em países dos diversos continentes, e hoje estima-se que de 3 a 5% das crianças em idade escolar nas diferentes áreas geográficas ou regiões do mundo, inclusive o Brasil, sofrem do TDAH. Essas diversas pesquisas realizadas em todo o mundo demonstram que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), nem o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que se encontra alterado na região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informações entre as células nervosas (os famosos neurônios).
Apesar de não se saber exatamente quais são causas do TDAH, algumas suposições têm demonstrado correlação como: hereditariedade (onde os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH); substâncias ingeridas durante a gravidez (algumas pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção); sofrimento fetal (estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos), etc.
Convém lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.
Com relação ao diagnóstico do TDAH podemos ressaltar que é fundamentalmente clínico, ou seja, através dos sintomas apresentados, baseando-se em critérios operacionais clínicos claros e bem definidos, provenientes de sistemas classificatórios confiáveis, como o DSM-IV e, de preferência, executados por uma equipe multidisciplinar (neurologista ou psiquiatra, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, etc.).
O DSM-IV propõe a combinação de pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade (freqüência e intensidade), por no mínimo 6 meses consecutivos (duração), que se apresentem em diversos aspectos da vida do indivíduo (persistência dos sintomas em vários locais) para o diagnóstico seja efetuado.
Configura-se essencial enfatizar que para o diagnóstico do TDAH é necessária uma avaliação cuidadosa de cada sintoma, compreendendo seu significado, sua freqüência, intensidade e duração, não somente através da listagem de sintomas.
No DSM-IV encontramos a divisão do TDAH em três tipos: o TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; o TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e o TDAH combinado ou misto.
O TDAH do tipo predominante desatento apresenta: falta de atenção sustentada, dificuldade de concentração, dificuldade em seguir instruções e completar tarefas, dificuldade em organizar-se objetos e de planejamento com o tempo, apresenta distrabilidade, problemas de memória a curto prazo, etc.
O TDAH do tipo predominante hiperativo/impulsivo apresenta: impulsividade no agir, faz muitas coisas ao mesmo tempo, não consegue se concentrar em somente uma tarefa, possui tendência a falar – comer – comprar compulsivamente, geralmente interrompe a fala dos outros e faz perguntas antes mesmo de serem concluídas, baixo nível de tolerância à frustrações ou erros, impaciência, instabilidade de humor, dificuldade em expressar-se, comunicação compulsiva e direta, dificuldade em seguir regras ou normas pré-estabelecidas, possui temperamento explosivo, dificuldade de manter relações interpessoais, muda de plano repentinamente, hipersensibilidade, possui sexualidade instável, etc.
O TDAH do tipo predominante combinado ou misto é necessário que a pessoa apresente 6 ou mais sintomas de cada um dos tipos, de forma crônica e desde a infância.
Algo importante para destacar é o fato que a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade como sintomas isolados podem resultar de muitos problemas na vida de relação das crianças (com os pais e/ou colegas e amigos), de sistemas educacionais inadequados, ou podem estar associados a outros transtornos comumente encontrados na infância e adolescência. Portanto, para o diagnóstico do TDAH, é sempre necessário contextualizar os sintomas na história de vida da criança.
O Tratamento do TDAH deve ser multifocal, ou seja, uma combinação de medicamentos (psicofarmacoterapêuticos), orientação aos pais e professores (informações educativas), além de técnicas específicas (intervenções psico-sócio-educativas) que são ensinadas ao portador para que melhore seu desempenho e minimize suas dificuldades no cotidiano.
Uma questão de suma importância por ser complicador do diagnóstico e tratamento do TDAH na adolescência e na vida adulta é a comorbidade (ou seja, os transtornos e problemas que podem ocorrer em paralelo a outros).
Vemos que grande parte dos pacientes com TDAH que procuram ambulatórios especializados apresenta comorbidade. Portanto, o médico (neurologista ou psiquiatra) provavelmente terá que escolher a intervenção psicofarmacológica para o seu paciente levando em consideração a presença de alguma comorbidade. Isto é, para o tratamento ser eficaz deve levar em consideração três aspectos: os sintomas básicos, as comorbidades e os problemas emocionais associados (insegurança, baixa auto-estima, etc).
Algumas das comorbidades apresentadas pelos portadores de TDAH são: transtornos de ansiedade, Transtornos de Depressão, Transtorno de Humor Bipolar, Transtorno de Conduta, Transtorno Desafiador Opositor, Transtorno de Tourette, abuso de drogas ou álcool (dependência química), Distúrbios do Sono, Desordem na Comunicação (Distúrbio na Fala – Afasia, Distúrbio na Linguagem – Dislexia e Dificuldade na Escrita – Disgrafia), Transtornos de Aprendizagem, Transtorno Obsessivo Compulsivo, etc.
Por fim, é extremamente importante advertir que tratar de uma criança com TDAH é tratar toda sua família, pois não adianta dar medicação ou fazer intervenções se ela vai se deparar com um ambiente familiar não adequado e lembrar que os portadores deste transtorno precisam de bastante carinho e, principalmente, de paciência.

Ana Carolina Tomaz Cassas de Araújo. - * Psicóloga Clínica CRP 11/03773 - Trabalha atualmente com Psicoterapia Infanto-Juvenil, Psicoterapia para Idosos e Acompanhamento Familiar e atua na área organizacional (Recrutamento, Treinamento e seleção de Cuidadores de Crianças e Idosos).

4 comentários:

Lúcia disse...

Oi, Deeeeh!!! Menina, finalmente consigo comentar aqui, o blogger comia todos meus coments! Òtimo texto!
Bjs

Anônimo disse...

Muito importante você por isso para que quem ler não chame o filho de burro, porque nem sempre dificuldade em aprender na escola mostra o nível de QI da criança.

Muito bacana.
Beijos linda!

Deeh disse...

É verdade viu Bala, por falta de esclarecimento as pessoas fazem e falam coisas que podem intervir na vida das crianças, eu conheço essa dificuldade, pois como expus no início do post, tenho amigas que passaram por essa mesma dificuldade, até que enfim fosse diagnosticado, sofreram bastante, tanto elas quanto as crianças, é importante saber como lidar com pessoas com TDAH, porque elas são especiais também. Obrigada pelo comentário!!!

Cássia Sena disse...

Já trabalhei com crianças com TDAH e não é nada fácil.

Mas AMO, conseguir enxergar bons resultados é muito gratificante. Vale a pena todo esforço!


Adorei o texto. Muito bom!